Natureza Intima

O QUANTO DA MULHER CABE NA MÃE

Uma introdução a jornada pelo meu feminino…. e masculino. “ Tudo começou quando recebi uma foto minha com nosso segundo filho, me dei conta da mulher que me tornei e coloquei lá na página do João. Homem que escolhi para compartilhar a minha jornada! Nós temos, juntos, a Tereza de quase 7 anos, o José de quase 5, e a Ana há 21 semanas no meu ventre.

Na gestação, partos e crescimento das crianças (e meu também), me deparei e venho me encontrando com várias questões/aspectos em relação a mim, a minha mulher, a mãe, a curandeira, a amante. E tenho testemunhado também o processo e resgate e desabrochar de outras mulheres. O que tenho aprendido com esta experiência individual e de parceria com estas outras mulheres é que NOSSA MULHER SELVAGEM NUNCA MORRE. Ela pode adormecer, as vezes até demais em determinados momentos da vida, mas ela está sempre lá, sempre pronta para vir a tona. Aí e como é bom quando ela aparece!

Neste caminhar até aqui….Aprendi que o riso, a auto observação, a humildade e amor são ferramentas fundamentais que curam. Que as plantas também na sua sutileza, força e profundidade nos limpam, conectam com o Sagrado, com a pureza em nós, e nos conectam com a natureza e Mãe Terra.

Aprendi e estou aprendendo também que a relação e harmonização com o masculino, com nosso masculino interno, e com os homens ao nosso redor, são fundamentais para esta Mulher despertar e nos habitar.

Aprendi e tenho aprendido, que o nosso corpo físico nos traz muitas pistas. Também por meio dele, da sua abertura, sensualidade e amorosidade liberamos muitas coisas/crenças/medos e abrimos espaço para um pulsar mais livre e integro.

Aprendi e tenho aprendido, que liberdade é algo bem mais complexo do que imaginava e também bem simples, mas não simplista. Aprendi e tenho aprendido, que me deixar penetrar, saber receber, baixar o escudo quando ele não e necessário, é lindo demais e me leva a lugares magníficos, sagrados do meu ser. Já que vim Mulher, hoje sou mulher eu tenho o dom de receber estas sementes, semeá-las e cultivá-las.

Confiando no meu espírito, na força e na potencia da natureza. Aprendi e tenho aprendido que sexualidade acima de tudo é algo relacionado ao dar e receber. Há uma troca, entre pessoas, entre pólos, entre energias… Se não entrega, não recebe e então não tem como haver fecundação, união, integração. E com certeza vai além do físico do ser humano, passa pela consciência também. Sexo pode ser uma experiência espiritual, de profunda conexão. E não esquecendo que o físico é uma valiosa e deliciosa parte deste caminho…

Aprendi e tenho aprendido, que a comunhão com um homem é sagrada. E que vale muito a pena! Aprendi que a Mãe nunca nos abandona, é só chamar, envocá-la que ela vem. Aprendi e tenho aprendido, que muitas coisas não precisamos fazer, que temos somente que abrir espaço, habitar o vazio para elas aparecerem, para que o que é necessário se manifeste por meio de nós. Aprendi e estou aprendendo que tenho muito poder e muitos talentos e sua grata a isso.

Aprendi e tenho aprendido, que ser mãe (não só de filhos, mas de projetos e criações) não é fazer por eles ou querer que eles caminhem por onde acho mais saudável, mas sim confiar em cada um dos meus filhos (projetos e criações), na autopoiesi** do ser. Por exemplo, você não diz a uma planta cresça agora para direita, ou para esquerda. Você simplesmente cuida para que ela tenha um ambiente preparado para o seu desenvolvimento…. água, luz, ar, carinho, acolhimento… e ela vai… para onde tem que ir.

Na real algumas plantas nem disso precisam, as mais selvagens! Talvez esta metáfora da planta até se aplique aos atendimentos individuais. O que procuro trazer para as mulheres que me procuram é um ambiente preparado para o seu florescer!

Aprendi também que a maternidade é uma das coisas mais lindas que existem. De fato, desde a concepção, o parto, e a nossa vivência como mães, a maternidade é um processo iniciático para nós mulheres, porém a mesma potência que ela tem de luz… vixi ela tem de sombra. Ah e não que não existam outros momentos da vida da mulher que também sejam iniciáticos, como por exemplo a descoberta da sua sexualidade que podem se dar por diversas experiências. Aprendi e tenho aprendido, que se não olhar, honrar, curar minha ancestralidade não vou adiante em muitos aspectos do meu ser. Aprendi e tenho aprendido, que a sororidade, estar de verdade com outras mulheres é lindo e curador demais, mas só consigo fazer isso se estou em mim, se estou comigo. E ao mesmo tempo me fundo com a outra, a partir do meu coração. Aprendi que a dor, a morte, a perda são partes fundamentais para o caminho. A famosa vida morte vida como ciclo.

Aprendi que as vezes pegamos um atalho ou rota “errada” e que está tudo bem… e se a gente chamar a clareza vem. Aprendi que as escolhas nem sempre são as que eu queria, as que meu ego deseja, mas são as possíveis e mais adequadas naquele momento. Aprendi que meu sangue é sagrado. E a relação com nosso ciclo e nosso reconhecimento como mulheres cíclicas que somos é um dos caminhos mais lindos e eficientes de cura do feminino.

Aprendi que NOSSO ÚTERO É DE UMA POTÊNCIA SEM EXPLICAÇÃO EM PALAVRAS. Aprendi que consigo criar a minha realidade, principalmente, a partir do meu ventre. QUE MINHA FORÇA E CAPACIDADE DE CRIAÇÃO É INFINITA. Aprendi que o fogo me guia e inspira, a água me purifica, o ar me movimenta e transforma e a terra me acolhe! Aprendi e tenho aprendido, que ser feliz não é tão difícil assim. Tem haver com aceitar onde estamos e confiar que chegaremos onde sonhamos!!! Enfim tudo isso veio agora para dizer que hoje, neste dia 18/10/2017 estou onde estou… Agora preparando um encontro de mulheres que acontecerá amanhã e sem certeza de muito, ou nada, do que vai acontecer… mas sabendo/sentindo parte do que já aconteceu até aqui. Agradeço a todos os meus mestres, professores.

A minha mãe, ao meu pai e minha irmã. Ao João! Aos meus filhos meus pequenos grandes mestres. E aos amigos, mais que queridos, que a vida me presentiou! As mulheres incríveis que aparecem na minha vida para compartilharmos esta jornada de ser mulher e tantas outras descobertas! A Memória Ancestral da Tribo da Lua que também me guia. Seguimos adiante! Sempre aprendendo, reaprendendo e desaprendendo!” Com muito carinho. * mãe como papel e não como arquétipo do feminino. ** Autopoiese ou autopoiesis (do grego auto “próprio”, poiesis “criação”) é um termo criado na década de 1970 pelos biólogos e filósofos chilenos Francisco Varela e Humberto Maturana para designar a capacidade dos seres vivos de produzirem a si próprios.